segunda-feira, 21 de julho de 2008

NÚCLEO DO SUL

Momentos inexquecíveis do nosso Encontro, no dia 17 de julho,
no Jardim de Infância do Colégio Farroupilha.







"Deixemos de ser solitários para ser solidários!" José Pacheco
Abraços,
Cleusa


3 comentários:

Anônimo disse...

Olá conspiradores do Brasil. Estive no 4º encontro do Núcleo do Sul a Cleusa (coordenadora) me solicitou que fizesse um pequeno relato sobre minha escola.
Creio que desta forma também podermos aos poucos conhecendo novas propostas, criando novos elos e plantando novas sementes, então, lá vai:
Minha escola se chama Guido Lermen. É uma escola municipal da cidade de Lajeado, aqui no RS. É jovem ainda, vai fazer 18 anos no ano que vem. Começou pequenina e seriada, mas aos poucos foi crescendo. Hoje contamos com cerca de 320 alunos e 30 professores.

No ano de 2000, a direção da época nos "convocou" a implantarmos os ciclos de formação. Na época achávamos que ciclos era apenas uma mudança de nome, a não reprovação e alguns recursos a mais, como laboratório de aprendizagem. (mais tarde entendemos a diferença entre ciclos de formação e progressão automática)

Com o passar dos anos, com leituras, discussões, algumas mudanças importantes no quadro de professores e de equipe diretiva, começamos a perceber que precisávamos mudar de verdade, que a forma como trabalhávamos não era a mais justa nem para os alunos, nem para nós mesmos, afinal, professor que é professor, só se sente realizado quando percebe que os alunos estão realmente aprendendo, para a vida, para o hoje, para serem mais humanos.

Bom, hoje, depois de 8 anos de estrada, podemos dizer que ainda estamos engatinhando, porém não somos mais a escola que outrora fomos, mesmo que nossa "cara" ainda não esteja de todo definida.

Aprendemos que todos aprendem, que todos têm potencialidades, mas que nem todos aprendem as mesmas coisas ao mesmo tempo. Aprendemos que é preciso respeitar as fases de vida e os interesses dos alunos, que eles tem sim opinião a dar, e muito a contribuir. Muitos "conteúdos" perderam seu sentido, porém muitos outros conhecimentos tornaram-se ainda mais importantes para nós, como a leitura, a escrita, o pensar, o imaginar, o pesquisar, o saber posicionar-se, o respeitar opiniões alheias... Aprendemos que quando se trabalha em "equipa" tudo fica mais rico, mais dinâmico, mais vivo. Isso vale para os alunos, isso vale para os professores. Aprendemos que temos que ter paciência, pois muitas vezes queremos colocar o carro na frente dos bois e a "burocracia" não é tão favorável assim à mudança. Aprendemos que cada cabeça tem uma sentença, e que num grupo é preciso aprender a chegar a consensos, e que isso não é nada fácil, mas que quando se chega... realmente se tem certeza de que aquilo realmente é o melhor.

Enfim, a cada ano vamos percebendo pequenos brotos das sementes que plantamos. Já queríamos ser árvore frondosa, mas sabemos que a beleza está justamente no caminho até o alto.

Este ano, nós do 2º ciclo, estamos trabalhando com todos os alunos e profes do ciclo na mesma sala, está sendo uma experiência incrível ver alunos de 11 anos ajudando aqueles que tem 9 a organizar melhor seu texto, é lindo ve-los trabalhando em grupo, construindo alternativas, as vezes até brigando, mas conscientes de que juntos estão aprendendo mais do que se estivessem sozinhos, cada um na sua sala.

Para o ano que vem temos mais projetos, esperamos contar com o apoio da Secretaria de Educação para concretizarmos nossos novos sonhos. Bom, como "guidete" sou apaixonada pela minha escola, pelos meus colegas e pelos meus alunos. Assim, acabo escrevendo o que eu vejo. Mas temos muitos problemas, professores nem tão convictos, estrutura física ainda não tão adequada, dúvidas em relação ao futuro, ao que estamos fazendo de certo e de errado... Mas quem sabe, daqui uns 10 anos, poderemos olhar para trás e ver que de alguma forma fizemos a diferença?

Abraços a todos.

Tatiana (tatiss@certelnet.com.br)

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

ROMÂNTICOS CONSPIRADORES
4ª Reunião do Núcleo de Porto Alegre/RS
Data: 17/07/2008
Local: Colégio Farroupilha Hora do Início: 14h
Hora do Término: 17h

Ata:
O 4º encontro realizado teve como importante aspecto a decisão do grupo de propiciar, cada vez mais, momentos de partilha de experiências educativas, bem como contou com a presença e participação estimulante de José Pacheco, que trouxe o encantamento aos participantes.
A abertura deu-se pela apresentação de uma turma de Nível 3 do Jardim de Infância, sobre o Projeto Portugal, onde as crianças relataram espontaneamente suas aprendizagens e vivências demonstrando também uma carta coletiva que enviaram aos alunos da Escola da Ponte e, também, as contribuições destes, já que houve um intercâmbio muito rico e prazeroso entre eles. O encerramento desta atividade se deu de forma alegre e descontraída, momento em que os alunos cantaram e dançaram músicas típicas da tradição portuguesa.

Logo após a abertura, a Cleusa sugeriu que cada participante apresenta-se, brevemente. Cabe aqui ressaltar a presença de um grupo bem variado: haviam profissionais da educação da rede pública, particular e universidades, bem como estudantes de Porto Alegre e outras cidades. Todos relataram, de forma sucinta, suas vivências, informando se haviam participado das reuniões anteriores do Núcleo Sul, e seus interesses em comum com a proposta da Romântica Conspiração em prol da educação.

Inicialmente, José Pacheco declarou sua preocupação em não influenciar muito, assumindo o papel de observador atento diante das discussões ocorridas.

Dentre as apresentações, duas colegas de Lajeado (interior do RS), que se faziam presentes pela primeira vez no encontro do Núcleo Sul, destacaram-se em seus relatos, tamanha era a paixão e entusiasmo contido em uma breve exposição sobre sua escola. Então, foram convidadas a compartilharem suas experiências, o que ocorreu mediante questionamentos e interação dos demais presentes, que por intermédio de seus interesses e perguntas norteavam a fala destas professoras.

As educadoras falaram um pouco a respeito da escola que pertencem e, também, de sua paixão enquanto profissionais da educação, afirmando que apesar da instituição possuir uma estrutura precária, trata-se de uma escola maravilhosa.
Ao relatarem a trajetória de sua escola, destacaram o importante momento em que a estrutura seriada foi substituída por ciclos de formação. No entanto, apesar da alteração estrutural, perceberam a continuidade da reprodução da seriação na realidade escolar. Aos poucos foram criando uma nova escola, conforme sua descrição: “Passamos a criar uma escola bem nossa, com a nossa cara, mas a feição ainda está em construção.” Dentre alguns dos elementos citados, vale destacar os momentos propiciados para interação dos alunos dos três ciclos, o envolvimento, a integração e empatia entre os professores da escola, a superação da comodidade, por meio da qual o corpo docente se permitiu ser contagiado pela vontade de fazer, o vínculo com a universidade, e, também, o acompanhamento de Miguel Arroyo em alguns momentos dessa caminhada.

José Pacheco, comentando sobre tal experiência, revelou o interesse em conhecer a escola, dizendo: “O que cheira mudança, eu quero ir lá.” Salientou a importância de definir a estrutura, pois tanta mudança necessita ter alguma fundamentação teórica.

Destaca-se, ainda, a importância de que a universidade esteja ligada a escola, pois essa interação é um importante pilar para as mudanças educacionais, uma vez que propicia uma contínua troca de informações e, especialmente, uma formação constante e densa.

O segundo breve relato tratou-se da experiência de Docência Compartilhada vivenciada por algumas escolas da rede Municipal de Porto Alegre, mas que se difere conforme as realidades escolares.

Ao referirem-se à escola Martim Aranha e às experiências neste espaço, no que toca ao desafio de compartilhar, foram destacados elementos surgidos nessa experiência vivenciada, tais como: professor aprendente – como uma necessidade constante na prática –, o desafio de oportunizar aprendizagens de forma diferenciada do formato em que nós aprendemos, as relações enquanto equipe, o compartilhar professor-professor, as relações de poder, a falta de comprometimento e o desânimo dos professores, dentre outros.

José Pacheco falou da importância que em cada escola hajam, pelo menos, três professores que se disponham a continuar. E ainda destacou: “O Triângulo é uma figura perfeita, com três em uma escola é possível fazer a diferença. Se você está sozinho, una-se a mais dois.”

Após este momento, realizamos um breve intervalo para uma conversa mais descontraída, como também para degustarmos um delicioso “Coffe Break”, que havia sido preparado para os participantes presentes.

A segunda parte de nosso encontro teve continuidade com José Pacheco nos contando sobre os planos futuros, Falou de sua decisão de ficar em uma escola por 15 anos, onde irá trabalhar não apenas com a escola, como também envolver a comunidade. Conta sobre os planos de criar uma cidade educativa, onde seja possível aprender em qualquer lugar.

Declara ainda que para construir uma cidade educativa é necessário envolver toda a comunidade. As crianças são cidadãos, diz ele. Não se preparam para a cidadania, eles já são cidadãos. As criancinhas ficarão pouco tempo entre quatro paredes, eles aprenderão na comunidade.

Ao falarmos sobre o futuro dos Núcleos Românticos Conspiradores,Pacheco falou que primeiramente ira enviar documentos para a elaboracao da Carta de Princípios. Cada núcleo possui suas especificidades, mas com alguns princípios em comum. O que une na diversidade são os princípios, argumenta

O que vocês querem?
Pacheco questiona sobre o interesse dos participantes que trazem seus desejos e anseios por uma escola melhor.
Após tantos planos e repletos de expectativas diante do que ainda acontecerá, a Cleusa alcançou um violão ao professor e solicitou que nos presenteasse com o Hino da Escola da Ponte, cantado por José Pacheco.

“...É preciso aprender a escrever,
mas também a crescer, mas também a sonhar.
É preciso aprender a viver, aprender a estudar...”

Indubitavelmente, foi um encontro não apenas para ficar em nossas memórias, mas especialmente para que um sentimento revigorante tomasse conta de cada um dos participantes. A presença de José Pacheco, com toda a sua docilidade, simplicidade e determinação, mais do que encantar motivou a todos, deixando no íntimo dos presentes a certeza de que uma escola – entendida para além dos muros das instituições, no seio da comunidade – melhor é possível.

Ata elaborada por Denise e Gabriela.